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Reconhecida como um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade afeta homens e mulheres no mundo todo, em igual proporção. A incapacidade de ter um bebê resulta em diferentes problemas: interfere nos relacionamentos afetivos e leva ao desenvolvimento de transtornos emocionais, como por exemplo depressão e ansiedade.

No entanto, desde a década de 1970 a maioria dos problemas de infertilidade feminina pode ser solucionada pela fertilização in vitro (FIV), considerada, atualmente, a principal técnica de reprodução assistida. Em 1992, com a incorporação da injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), os fatores masculinos de maior gravidade também passaram a ter tratamento.

A FIV é realizada em cinco diferentes etapas. O cultivo embrionário é uma delas e é fundamental para o sucesso da gravidez.

O que é o cultivo embrionário e como ele é feito na FIV?

Cultivo embrionário é o termo utilizado para descrever o tempo de desenvolvimento do embrião no tratamento por FIV, antes de eles serem transferidos para o útero materno ou serem congelados, a depender do protocolo de tratamento.

No entanto, para que os embriões sejam formados, três etapas são fundamentais.

A primeira é a estimulação ovariana e indução da ovulação. O procedimento utiliza medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, obtendo, assim, mais óvulos para a fecundação: aproximadamente 10.

A segunda etapa do tratamento prevê a coleta dos folículos dominantes chamada punção folicular, nos quais, em sua maioria, têm óvulos maduros. Simultaneamente o sêmen também é coletado e os espermatozoides de melhor motilidade e morfologia são selecionados por técnicas de preparo seminal.

Logo após ocorre a fecundação, na terceira etapa. A injeção intracitoplasmática tem sido o método mais utilizado para realizar a fecundação dos gametas. Os espermatozoides têm sua qualidade avaliada individualmente por um microscópio potente de alta magnificação e, posteriormente, são injetados diretamente no citoplasma do óvulo pelo embriologista, com a utilização de um aparelho bastante preciso, o micromanipulador de gametas.

O cultivo embrionário, é a etapa seguinte. Classicamente, os embriões eram cultivados até o segundo ou terceiro dia de desenvolvimento, fase conhecida como D3 ou clivagem, quando inicia a divisão celular e o embrião possui entre quatro e oito células.

No entanto, o avanço dos meios de cultura e tecnologia laboratorial, tornou possível o cultivo por mais tempo, até seis dias. Nessa fase o embrião é chamado blastocisto, possui centenas de células e são divididas por função. O processo se tornou conhecido como cultura estendida (ou prolongada) de embriões.

Para serem cultivados os embriões são inseridos em placas contendo meio de cultura e colocados em uma incubadora. Os meios de cultura, hoje, proporcionam um ambiente semelhante ao do organismo feminino. Assim, as técnicas laboratoriais consideram diferentes aspectos, incluindo, por exemplo, fatores ambientais como controle da qualidade do ar, pH dos meios e temperatura, entre outros.

O desenvolvimento do embrião é acompanhado diariamente por um embriologista. A cultura estendida até o estágio de blastocisto pode fornecer condições mais precisas para seleção embrionária no momento da transferência, sendo uma estratégia excelente quando a paciente possui uma boa quantidade e qualidade de embriões para selecionar ou em casos específicos em que se deseja realmente saber sobre a qualidade morfológica dos seus embriões.

Os embriões selecionados nesse estágio de blastocisto proporcionam maior taxa de implantação, aumentando, ao mesmo tempo, os percentuais de sucesso gestacional.

O embrião em blastocisto também permite maior sincronização fisiológica, uma vez que é durante essa etapa que a implantação (nidação) acontece na gravidez natural.

Assim como proporcionou o desenvolvimento de diferentes técnicas complementares ao tratamento e, consequentemente, a solução de diversos problemas.

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