Aproximadamente 15% dos casais em idade reprodutiva apresentam algum tipo de dificuldade em conseguir uma gravidez. Uma das alternativas de tratamento é aquela que apresenta as maiores taxas de gravidez: a FIV Esse tratamento faz parte de um grupo de técnicas chamadas de reprodução assistida.
Quer saber mais? Confira o conteúdo a seguir e aprenda mais sobre a FIV e suas principais indicações!
O que é FIV (fertilização in vitro)?
Antes de conhecer as principais indicações da FIV, você precisa compreender bem o conceito. Esse procedimento consiste na coleta de gametas masculinos (espermatozoides) e femininos (óvulos) para que sejam fertilizados em laboratório e formem embriões que, posteriormente, serão transferidos para o útero.
A primeira gravidez por esse método foi descrita na Inglaterra em 1978, chegando ao Brasil em 1983. De lá para cá, a técnica passou por evoluções e a taxa de gravidez, que era inferior a 15%, chega, atualmente, até quase 60%
Quais as indicações para fazer tratamento de FIV?
No início, a técnica era voltada prioritariamente para quem tinha infertilidade por fator tubário. Mas, com o desenvolvimento da técnica, melhora nos resultados, facilidade no tratamento e redução no custo, as indicações se expandiram.
Nos últimos anos, a FIV tornou-se o melhor recurso de tratamento para praticamente todas as causas de infertilidade, sobretudo quando outras terapias de baixa complexidade falham. Entre as recomendações mais frequentes, podemos destacar a ausência ou o bloqueio das trompas, a idade avançada da mulher, alteração no sêmen, endometriose, falência ovariana e infertilidade sem causa aparente (ISCA).
Veja as recomendações mais frequentes para a FIV, relacionadas tanto a fatores femininos quanto masculinos:
Fatores femininos
Ausência, bloqueio das tubas uterinas ou laqueadura:
As tubas uterinas (também chamadas de trompas de Falópio) têm um papel fundamental no sucesso da concepção: é lá que ocorre a fecundação. O órgão recebe o óvulo liberado pelos ovários e recebe os espermatozoides vindos do útero.
Em seguida, permite o desenvolvimento embrionário, levando o embrião até o útero para que ocorra a nidação (implantação no endométrio). Na laqueadura, é feito o bloqueio das tubas uterinas, impossibilitando a gestação de forma natural.
A FIV é um dos tratamentos mais indicados para as pacientes que apresentam problemas nas tubas ou tenham feito a laqueadura, já que as funções das tubas uterinas serão simuladas em laboratório — os gametas são fecundados fora do corpo da mulher e, posteriormente, o embrião é colocado diretamente no útero.
Idade avançada
As mulheres já nascem com a reserva ovariana formada, ou seja, quanto mais avançada a idade, menor será a quantidade e a qualidade dos óvulos, o que consequentemente diminui as chances de uma gravidez por métodos naturais.
Com a FIV, é possível estimular, por meio de hormônios, a liberação de mais óvulos durante o ciclo, em casos em que a mulher ainda possua reserva. Todo o processo de fecundação acontece em laboratório, com controle do desenvolvimento do embrião, aumentando as chances de uma gestação. Para aquelas que não possuem mais reserva ovariana, a FIV ainda permite uma gestação com a utilização da ovodoação.
Falência ovariana
Trata-se do esgotamento completo dos óvulos. Pode ser natural – menopausa – ou induzido por tratamento médico (cirurgia ou medicamentoso). Como não existem mais óvulos a serem fecundados, a alternativa é o tratamento com FIV com uso de óvulos doados anonimamente.
Infertilidade sem causa aparente
A infertilidade sem causa aparente acomete cerca de 10% dos casais inférteis. Ela é definida quando os exames realizados pelo casal não constatam alterações que justifiquem o motivo da não gestação natural.
Nesses casos, a FIV é o método de reprodução assistida mais indicado para mulheres acima de 35 anos ou para os casais que já tentaram outros métodos sem sucesso, como coito programado e a inseminação intrauterina (IIU).
Fatores masculinos
Baixas contagem, motilidade e morfologia dos espermatozoides
A ausência de gravidez pode ser explicada por qualquer um desses fatores. Em casos em que a alteração é leve, pode-se tentar técnicas de baixa complexidade, como a inseminação intrauterina. Nos casos graves ou quando não houve sucesso com o tratamento inicial, a FIV é a melhor alternativa.
Ausência ou obstrução na saída dos espermatozoides
A azoospermia, ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado, constitui uma das principais causas de infertilidade masculina.
Nesses casos, a FIV com ICSI é a única alternativa de tratamento para se conseguir a gestação, já que há a possibilidade de extração dos espermatozoides diretamente do epidídimo e testículo, seguido da injeção do espermatozoide diretamente dentro do óvulo (ICSI).
Homens vasectomizados
A vasectomia é uma cirurgia que promove a obstrução dos canais deferentes. Dessa forma, a passagem dos espermatozoides fica impossibilitada. Vale lembrar que o homem segue ejaculando, porém sem a presença dos gametas.
Nesses casos, o mais indicado é a FIV com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). Com ela, o trabalho do canal deferente é suplantado pela retirada do esperma diretamente dos testículos, injetando os melhores gametas diretamente no óvulo para fecundação.
Como funciona a FIV?
Agora que você conhece as principais indicações para a FIV, entenda como é feito o procedimento.
Inicialmente, realiza-se a estimulação ovariana com a administração de hormônios, a fim de aumentar o número de óvulos disponíveis para a fertilização. O controle do desenvolvimento folicular é acompanhado através de exames de ultrassom e de sangue para dosagem hormonal.
Quando os folículos atingem o tamanho adequado, é feita a coleta dos óvulos e do sêmen. Espermatozoides serão colocados em conjunto com os óvulos para que ocorra a fertilização e os embriões formados e selecionados serão transferidos para o útero. As taxas de sucesso ficam em torno de 50% por tentativa, dependendo de cada caso e, principalmente, da idade da mulher, sendo menores com o passar dos anos.
Técnica de FIV com ICSI
Na técnica de FIV com ICSI, o espermatozoide é inserido diretamente dentro do óvulo com uso de micromanipuladores de gametas, que utilizam uma agulha mais fina que um fio de cabelo humano, sob visão microscópica.
Após a fertilização, o desenvolvimento dos embriões é acompanhado por 2 a 5 dias e aqueles com maior chance de desenvolverem-se são transferidos para o útero.
Vários cenários indicam para a FIV, que melhora as chances de sucesso da gravidez e anula problemas importantes de fertilidade, tanto masculinos quanto femininos.